"(...) Carlos Marighella foi abatido pelas forças de repressão da ditadura. Naquele momento elas não mataram apenas o militante intemerato de uma organização de luta, mas um líder que encarnava as aspirações de liberdade e justiça do povo brasileiro.

Os que assumem a grave responsabilidade de combater pelo interesse de todos tornam-se símbolos e constituem patrimônio coletivo. Carlos Marighella deu a vida pelos oprimidos, os excluídos, os sedentos de justiça. Ao fazê-lo, transcendeu a sua própria opção partidária e se projetou na posteridade como voz dos que não se conformam com a iniqüidade social."

Antonio Candido


Assassinado há 40 anos, situa-se entre aqueles que escreveram as mais importantes páginas da história de lutas do povo brasileiro: Zumbi, Sepé Tiaraju, Felipe dos Santos, Tiradentes, Cipriano Barata, Frei Caneca, Bento Gonçalves, Angelim, Antônio Conselheiro, o "monge" João Maria, Luiz Carlos Prestes, Francisco Julião, Leonel Brizola, Gregório Bezerra, Darcy Ribeiro e tantos outros. São nomes que ainda não saíram das sombras a que a elite insiste em relegar a nossa história. Trinta anos depois de morto, ele prossegue desafiando a generosidade dos vivos, e apontando, para o nosso país, um caminho de futuro, onde todos tenham saúde, educação, trabalho e moradia.

"É preciso não ter medo, é preciso ter coragem de dizer"
Marighella

VENCESTE CARLOS


Bahia, 3 de novembro de 2009
Ademar Bogo


Se a tarde caiu e não voltaste
Sem consciência do tempo...
Nem percebeste que a morte,
Não significara uma vitória.
Gélido, calado...
Pensavam tornarem-no inofensivo.
Eles são assim!
Só prestam para a repressão
Se continuarem vivos:
Mortos, ficam só, viram pó.
Ouvistes vós uma rememoração sequer;
Uma sequer, dos 40 anos de Fleury?
Nós, voltamos a Alameda
E sentimos o pulsar dos corações
Tangendo lágrimas sinceras
São sentimentos reunidos de várias gerações.
E lá distante, as crianças entram para a escola
E a professora, lembra o dia 4 com poesia!
Fala de Carlos como se fosse o pai,
O avô, um sábio, um santo, um guia...
Em outras partes: exaltados debates,
Trazem de volta o ser conquistador
O comandante da Ação usa a palavra
Na voz de um jovem admirador;
Gritos de viva irrompem das janelas
Venceste, Carlos, a causa do amor.
Em mil lugares teu nome aparece
Em preces, aulas, placas e poesias,
Na ponta longa da amável tristeza
Amarram-se os laços da alegria.
Num tempo estranho
Contamos a tua glória
Neste presente de pobre ideologia
Se em nossas veias teu ânimo corre
Em nossas mentes, vives na utopia.


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